Empresário preso por matar mulher e fingir que ela sumiu mandou mensagens à família se passando pela vítima após crime, diz polícia
01/08/2024
Companheiro de Dayara Talissa Fernandes da Cruz foi preso como suspeito pela morte dela. Defesa diz que depoimentos indicam uma fatalidade, mas que não há 'provas conclusivas de dolo'. Paulo Antonio Eruelinton Bianchini é suspeito de matar Dayara Talissa Fernandes da Cruz, em Orizona
Arquivo pessoal/Daniela da Cruz
Após indiciar o empresário Paulo Antônio Herberto Bianchini, que foi preso por matar a companheira Dayara Talissa Fernandes da Cruz, a Polícia Civil deu detalhes sobre a atuação do indiciado pelo crime. Segundo o delegado Kennet Carvalho, após o crime, o empresário teria enviado mensagens pelo celular da vítima, se passando por ela, aos familiares dela (saiba detalhes abaixo).
"A vítima faleceu no dia 10 de março. No dia 11 de março, pela manhã, supostamente Dayara enviou mensagens para a irmã dizendo que tinha terminado com o investigado e que estava em Itumbiara", afirmou o delegado.
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Paulo Bianchini está preso desde o dia 1º de julho. O delegado explicou que, ao se passar pela vítima em mensagens, Paulo teria cometido fraude processual. A defesa de Paulo Bianchini afirmou que ele é réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e que colaborou voluntariamente com as investigações. Disse também que os depoimentos indicam uma fatalidade, sem provas conclusivas de dolo - leia nota na íntegra ao final do texto.
Veja linha do tempo do caso
As investigações apontaram que o investigado contou com a ajuda de um funcionário de 19 anos, que foi indiciado por ocultação de cadáver e fraude processual. Outra mulher, de 40 anos, também foi indiciada por fraude processual. Já Paulo Bianchini foi indiciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil, dissimulação, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. O g1 não conseguiu localizar a defesa do funcionário e da mulher para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
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Empresário se passou por vítima
Ao analisar as mensagens enviadas pelo celular de Dayara antes e depois do desaparecimento, a polícia explicou que, a partir do dia em que a jovem sumiu, o estilo de escrita das mensagens mudou repentinamente (entenda mais abaixo).
"Nós fizemos uma análise da forma como as mensagens foram escritas e percebemos que não eram compatíveis com o modo de escrita da Dayara", explicou o delegado.
O delegado explicou que uma das principais mudanças no estilo de escrita foi a forma que Dayara escrevia a palavra “não”. Isso, porque antes do desaparecimento, Dayara escrevia a palavra sem abreviação. Já nas mensagens enviadas pelo contato dela aos familiares após o desaparecimento, a palavra era usada somente de forma abreviada.
Esse uso da palavra abreviada também foi observado nas conversas trocadas entre o empresário e os familiares das vítimas, indicando que ele quem tenha sido o responsável pelas mensagens enviadas do contato de Dayara após o desaparecimento e morte dela. Veja detalhes da análise:
Mensagens entre Dayara e a mãe (de 21 de fevereiro a 09 de março - 1 dias antes da morte): durante este período, Dayara escreveu a expressão "NÃO" 26 vezes e nunca abreviou para "N";
Mensagens entre Dayara e a irmã (de 21 de fevereiro a 10 de março - dia da morte): A vítima escreveu "NÃO" 22 vezes, sem nunca abreviar para "N";
Mensagens entre Dayara e a irmã (a partir do dia 11 de março - um dia após a morte): Houve uma mudança no estilo de escrita. Dayara (ou quem se passou por ela) começou a usar a abreviação "N" em vez de "NÃO" 9 vezes;
Mensagens entre Paulo e a mãe de Dayara (de 16 de dezembro de 2023 a 25 de março de 2024): O investigado usou a abreviação "N" para "NÃO" em 17 ocasiões, nunca usando a forma completa "NÃO".
Ao explicar sobre o crime de fraude processual que o empresário teria cometido ao enviar mensagens se passando pela vítima, o delegado acrescentou que o investigado teria até enviado uma geolocalização pelo telefone da vítima, afirmando que estava em Itumbiara.
Entenda o crime
Ossada de mulher dada como desaparecida pelo companheiro estava em buraco de 5 metros
A vítima foi morta no dia 10 de março e teve o corpo enterrado em uma fazenda de Orizona. A ossada da jovem foi encontrada no local em julho. Segundo a Polícia Civil, como o estágio de decomposição estava avançado, não foi possível determinar a causa da morte.
O delegado afirmou ainda que o crime foi motivado por violência de gênero e ocorreu após uma briga relacionada a uma quantia de R$ 86 mil. Segundo as informações, o suspeito alegou ter transferido esse valor para a conta de Dayara, que o utilizou para fins pessoais. Esse gasto teria levado ao término do relacionamento em outubro de 2023.
Apesar da separação, a vítima e o suspeito reataram em janeiro de 2024. O delegado explicou que, em conversa com outra pessoa, o suspeito teria falado da separação e afirmado que mandou matar a jovem por causa do dinheiro. No entanto, à polícia, ele não confirmou essa versão.
Retroescavadeira é utilizada para recuperar restos mortais de jovem desaparecida. Roupas e itens pessoais da vítima também foram encontrados, em Orizona
Divulgação/Polícia Civil
O suspeito e a vítima tiveram um relacionamento de aproximadamente um ano e meio. No entanto, de acordo com o delegado Kennet Carvalho, o investigado mantinha um casamento sem que Dayara soubesse: “Ela acreditava que era a esposa. Ela foi enganada", afirmou o delegado.
A polícia também disse que, no dia da morte de Dayara Talissa, o investigado saiu de carro com um funcionário. Durante o trajeto, ele alterou a rota e pediu ao funcionário que olhasse para a carroceria do veículo, onde estava o corpo. Em seguida, ele disse para o funcionário ajudá-lo na ocultação do cadáver e a encobrir o crime.
Segundo o delegado, o funcionário tirou fotos no rio de Itumbiara e as postou no status da vítima para criar uma falsa localização. A outra suspeita envolvida ficou com o telefone da vítima por cerca de 10 dias e, posteriormente, descartou-o no córrego.
Local onde ossada de Dayara Talissa foi encontrada em Orizona
Divulgação/PC-GO
Nota da defesa de Paulo Antônio Herberto Bianchini:
"Em atenção à imprensa, em virtude de notícias veiculadas sobre o indiciamento do Sr. Paulo Antônio Eruelinton Bianchini em razão da morte da Sra. Dayara Talisssa Fernandes da Cruz, a defesa vem esclarecer que:
O Sr. Paulo Antônio é réu primário, tem bons antecedentes, residência fixa, não possuindo em seu passado nenhuma conduta que o desabone. Ademais, não se ocultou às medidas de investigação penal, pois compareceu espontaneamente perante a autoridade policial quando da decretação de sua prisão temporária e colaborou com as investigações, estando à disposição do Poder Judiciário para julgamento.
Por fim, os fatos que circunstanciam a morte da Sra. Dayara Talisssa ainda não foram esclarecidos por completo. Os depoimentos prestados até o momento demonstram uma fatalidade e não são conclusivos para comprovar um possível dolo do indiciado. Não existem imagens que mostrem o momento da morte, e qualquer especulação que transforme o acusado em condenado são levianas e passíveis de responsabilidade cível e criminal.
Confiantes no julgamento do Poder Judiciário, estes são os esclarecimentos que entendemos suficientes para o momento."
Empresário matou mulher, escondeu corpo em cova e fingiu desaparecimento, conclui polícia
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