Mãe de mulher achada morta após ser dada como desaparecida diz que companheiro da filha prometeu cuidar dela: ‘Não achei que ele fosse capaz de fazer isso’
03/08/2024
Paulo Bianchini foi indiciado por matar Dayara Talissa e fingir que ela tinha desaparecido. Defesa diz que ele tem bons antecedentes e que colaborou voluntariamente com as investigações. Paulo Antonio Eruelinton Bianchini é suspeito de matar Dayara Talissa Fernandes da Cruz, em Orizona
Arquivo pessoal/Daniela da Cruz
A perda de Dayara Talissa Fernandes da Cruz, de 21 anos, que foi encontrada morta após ser dada como desaparecida, tem sido difícil para a mãe, Benedita Fernandes da Silva. A mãe contou ao g1 que o empresário Paulo Antônio Herberto Bianchini, indiciado pelo crime, tinha prometido cuidar da jovem quando a buscou no Mato Grosso e a levou para Goiás.
“Ele falou que ia cuidar muito bem dela. Que ia dar o estudo para ela. Que eles pretendiam ter filhos. Eu não sei de onde saiu isso [a ideia do crime] da cabeça dele, porque pela pessoa que eu conheci dele, não achei que ele fosse capaz de fazer isso", disse Benedita Fernandes.
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Paulo Bianchini está preso desde o dia 1º de julho. A defesa de Paulo Bianchini afirmou que ele é réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e que colaborou voluntariamente com as investigações. Disse também que os depoimentos indicam uma fatalidade, sem provas conclusivas de dolo - leia nota na íntegra ao final do texto.
Veja linha do tempo do caso
A mãe de Dayara ainda contou que, ao ficar por alguns dias no apartamento com a filha e o empresário, passou a ter um mal pressentimento em relação a ele e chegou a alertar a filha. Uma foto mostra um dos momentos do último encontro que Benedita teve com Dayara (veja abaixo).
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Dayara Talissa Fernandes da Cruz e a mãe, Benedita Fernandes da Silva
Arquivo pessoal/Daniela da Cruz e Benedita Fernandes
Entenda o crime
Ossada de mulher dada como desaparecida pelo companheiro estava em buraco de 5 metros
A vítima foi morta no dia 10 de março e teve o corpo enterrado em uma fazenda de Orizona. A ossada da jovem foi encontrada no local em julho. Segundo a Polícia Civil, como o estágio de decomposição estava avançado, não foi possível determinar a causa da morte.
O delegado afirmou ainda que o crime foi motivado por violência de gênero e ocorreu após uma briga relacionada a uma quantia de R$ 86 mil. Segundo as informações, o suspeito alegou ter transferido esse valor para a conta de Dayara, que o utilizou para fins pessoais. Esse gasto teria levado ao término do relacionamento em outubro de 2023.
Apesar da separação, a vítima e o suspeito reataram em janeiro de 2024. O delegado explicou que, em conversa com outra pessoa, o suspeito teria falado da separação e afirmado que mandou matar a jovem por causa do dinheiro. No entanto, à polícia, ele não confirmou essa versão.
Retroescavadeira é utilizada para recuperar restos mortais de jovem desaparecida. Roupas e itens pessoais da vítima também foram encontrados, em Orizona, Goiás
Divulgação/Polícia Civil
O suspeito e a vítima tiveram um relacionamento de aproximadamente um ano e meio. No entanto, de acordo com o delegado Kennet Carvalho, o investigado mantinha um casamento sem que Dayara soubesse: “Ela acreditava que era a esposa. Ela foi enganada", afirmou o delegado.
A polícia também disse que, no dia da morte de Dayara Talissa, o investigado saiu de carro com um funcionário. Durante o trajeto, ele alterou a rota e pediu ao funcionário que olhasse para a carroceria do veículo, onde estava o corpo. Em seguida, ele disse para o funcionário ajudá-lo na ocultação do cadáver e a encobrir o crime.
Segundo o delegado, o funcionário tirou fotos no rio de Itumbiara e as postou no status da vítima para criar uma falsa localização. A outra suspeita envolvida ficou com o telefone da vítima por cerca de 10 dias e, posteriormente, descartou-o no córrego.
O delegado ainda detalhou que, após o crime, o empresário teria enviado mensagens pelo celular da vítima, se passando por ela, aos familiares dela. Com isso, Paulo teria cometido fraude processual, segundo a polícia.
Local onde ossada de Dayara Talissa foi encontrada em Orizona
Divulgação/PC-GO
Nota da defesa de Paulo Antônio Herberto Bianchini:
"Em atenção à imprensa, em virtude de notícias veiculadas sobre o indiciamento do Sr. Paulo Antônio Eruelinton Bianchini em razão da morte da Sra. Dayara Talisssa Fernandes da Cruz, a defesa vem esclarecer que:
O Sr. Paulo Antônio é réu primário, tem bons antecedentes, residência fixa, não possuindo em seu passado nenhuma conduta que o desabone. Ademais, não se ocultou às medidas de investigação penal, pois compareceu espontaneamente perante a autoridade policial quando da decretação de sua prisão temporária e colaborou com as investigações, estando à disposição do Poder Judiciário para julgamento.
Por fim, os fatos que circunstanciam a morte da Sra. Dayara Talisssa ainda não foram esclarecidos por completo. Os depoimentos prestados até o momento demonstram uma fatalidade e não são conclusivos para comprovar um possível dolo do indiciado. Não existem imagens que mostrem o momento da morte, e qualquer especulação que transforme o acusado em condenado são levianas e passíveis de responsabilidade cível e criminal.
Confiantes no julgamento do Poder Judiciário, estes são os esclarecimentos que entendemos suficientes para o momento."
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